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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ciberguerra



A ‘bomba atómica’
da era moderna








Da mesma forma que no passado a bomba atómica mudou a guerra e as estratégias de dissuasão, uma nova corrida internacional começou a desenvolver verdadeiras armas cibernéticas e os consecutivos sistemas para proteger-se delas

As novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) permitem, hoje, uma nova forma de guerra, com armas ainda mais assustadoras do que as armas nucleares ou o terrorismo – a ciberguerra. Uma nova geração de armas online, que permitem, por exemplo, sabotar e encerrar centrais eléctricas, redes de telecomunicações, sistemas de aviação ou congelar mercados financeiros de outros países. Nos EUA, desde a presidência de G.W. Bush, com algumas experiências efectuadas no Iraque e no Irão, debate-se sobre a possibilidade de desenvolver esse tipo de armas online, com efeito defensivo, na tentativa de construir melhores defesas contra esses ataques e criar a dita nova geração de armas online. As inovações mais modernas que estão a ser estudadas permitiriam a um programador do Pentágono entrar
subrepticiamente num servidor russo ou chinês, por exemplo, e destruir um botnet (programa potencialmente destrutivo usado para infectar computadores de uma vasta rede, que pode ser controlado clandestinamente) antes deste software nocivo poder ser libertado nos EUA. Os serviços secretos poderiam também activar um código malicioso que é secretamente incorporado em chips de computador durante o seu fabrico, permitindo aos Estados Unidos controlar os computadores dos inimigos por acesso remoto activado sobre a internet. Este, claro, é precisamente o tipo de ataque que os responsáveis receiam poder ser lançado contra alvos norte-americanos através de chips ou computadores fabricados na China. Exemplos de desconfiança e espionagem idênticos aos que as tropas dos EUA no Iraque fizeram quando quiseram atrair membros da Al Qaeda para uma armadilha, entrando nos computadores do grupo e modificando a informação que os dirigia ao alvo de armas americanas. Ou, quando Bush ordenou novas maneiras de desacelerar o programa nuclear do Irão, em 2008, aprovando um programa
experimental secreto, embora de resultados incertos, para entrar nos computadores de Teerão. Os episódios de utilização destes recursos têm vindo a amontoar-se.
No entanto, a questão que se coloca é a de saber até que ponto será legítimo o uso de um tipo de arma e de guerra assustadoramente desigual, tentacularmente dissimulada e que pode pôr em risco, de modo
avassalador, bens e serviços essenciais e assim afectar a segurança e vida de milhões de pessoas, quando não minar, totalitariamente, a liberdade individual de um vasto número de cidadãos do mundo. A guerra, como actividade humana, também deve ter regras eticamente determinadas. Depois da prisão sem julgamento e da tortura em Guantanamo de Bush, os EUA de Obama enfrentam agora uma nova problemática, com contornos éticos altamente complexos, sobre a sua política de defesa. Até ao momento, o máximo que se sabe é que o Pentágono encomendou a fornecedores militares o desenvolvimento de uma réplica secreta da internet do futuro. O objectivo é simular o que seria necessário para os adversários fecharem as fábricas de energia, as telecomunicações ou os sistemas de aviação de outros países. A estratégia norte-americana consiste, para já, em criar melhores defesas contra esses ataques, assim como uma nova geração de armas online. Em declarações recentes, oficiais militares e de inteligência, assim como especialistas externos, descreveram um enorme aumento na sofisticação das capacidades de guerra cibernética americana.



Actualmente, no entanto, não há uma ampla permissão para as forças americanas entrarem na ciberguerra.

NORTE-AMERICANOS NA DIANTEIRA
Espera-se que o novo presidente dos EUA, Barack Obama venha a propor, dentro em breve, um esforço defensivo melhor estruturado e mais alargado, o que inclui um suporte extra avaliado em 17 mil milhões de dólares (13 mil milhões de euros) para um programa de cinco anos, aprovado pelo Congresso em 2008, que põe fim à guerra burocrática para definição de uma política nacional contra ciberataques. Um anúncio offi cial inesperado, uma vez que não é previsível que o presidente faça grandes revelações sobre as capacidades ofensivas norte-americanas, nas quais os serviços secretos do país têm gasto milhões de dólares. Nos últimos meses, vários responsáveis militares e de inteligência, bem como especialistas externos descrevem um grande aumento na sofisticação das capacidades de defesas dos EUA contra a ciberguerra. Muitos dos aspectos desta aposta norte-americana para desenvolver ciberarmas e definir o seu uso adequado são confidenciais, facto que faz com que muitos responsáveis se recusem falar publicamente do assunto. A própria Casa Branca tem recusado diversos pedidos de entrevista sobre o tema e nem sequer clarifica a posição de Obama – se é a favor ou contra o recurso a ciberarmas pelos norte-americanos.
Claro que a ciberguerra não é considerada tão mortífera como uma guerra atómica, nem igualmente visível ou dramática. Porém, em Maio de 2007, Mike McConnell, ex-director dos serviços secretos, informou Bush sobre a ameaça de uma forma inequívoca. Um só ataque bem sucedido a um grande banco ‘teria um impacto na economia global maior que o 11 de Setembro’. Segundo McConnell, “a capacidade de ameaçar as reservas monetárias norte-americanas é o equivalente actual de uma bomba atómica”. Os cenários desenvolvidos no ano passado para Obama por McConnell e o seu coordenador para a cibersegurança, Melissa Hathaway, foram mais longe. Incluíam diversas vulnerabilidades incluindo um ataque a Wall Street e uma operação para deitar abaixo a rede eléctrica nacional. E eram na sua maioria extrapolações de ataques já tentados no passado. As autoridades militares dos EUA temem que
as leis e as regras dos confl itos armados não sejam aplicadas no cibermundo, onde os alvos mais vulneráveis são civis. “A Rússia e a China têm muitos hackers nacionalistas”, lembra uma fonte militar.

AVANÇO DA CENSURA
A ciberguerra envolve limites à informação. Na web, a censura avança em força, mas há meios para a contornar. O governo iraniano, por exemplo, censura, mais do que qualquer outro, o que os seus cidadãos podem ler online, recorrendo a uma tecnologia específica para bloquear milhões de sites da internet com notícias, comentários, vídeos, música e, até há pouco tempo, o Facebook e o Youtube.
Em sites muito populares que oferecem downloads gratuitos de software surgiu, em Julho de 2008, um programa informático que permite aos iranianos esquivarem-se às limitações censórias do governo. Os primeiros a descobrir o alçapão foram estudantes universitários, que passaram a notícia através de
emails e partilha de ficheiros. No fim do Outono, mais de 400 mil iranianos navegavam na web sem censura. O software foi criado por peritos informáticos chineses, voluntários do Falun Gong, o movimento espiritual que o governo da República Popular suprimiu em 1999. Os peritos mantêm uma série de computadores em centros de dados pelo mundo inteiro para reencaminhar os pedidos dos utilizadores
da web de modo a contornar os firewalls dos censores. A internet já não é apenas um canal essencial para comércio, entretenimento e informação: tornou-se também o palco do controlo estatal e da rebelião contra ele.



Os computadores estão a tornar-se cada vez mais vitais nos conflitos mundiais, não só na espionagem e nas acções militares, mas também para determinar que informação chega às pessoas no planeta. Existem mais de 20 países a usar sistemas sofisticados para bloquear e filtrar conteúdos da internet, revela a organização Repórteres Sem Fronteiras, grupo sedeado em Paris que promove a liberdade de
imprensa. Embora os sistemas de filtragem mais agressivos tenham sido instalados por governos autoritários, como o de Irão, China, Paquistão, Arábia Saudita e Síria, algumas democracias ocidentais começaram também a filtrar conteúdos como a pornografia infantil e material de natureza sexual. Uma amálgama heterogénea de activistas políticos e religiosos, defensores das liberdades civis, empresários
da internet, diplomatas, militares e agentes de serviços de segurança está agora a combater a crescente censura da internet. Os criadores do software usado pelos iranianos pertencem ao Global Internet Freedom Consortium, cuja base está sobretudo nos Estados Unidos e tem estreitos laços com o Falun
Gong. O consórcio é um dos muitos grupos que estão a desenvolver sistemas para tornar possível
o acesso à internet aberta. Neste jogo do gato e do rato, o gato contra-ataca. O sistema chinês, por exemplo, que os opositores designam por a Grande Muralha da China, é em parte construído com tecnologias ocidentais.
Razão pela qual, hoje o governo chinês emprega mais de 40 000 censores em dezenas de centros regionais e centenas de milhares de estudantes recebem dinheiro para inundar a internet com mensagens do governo para afogar a intervenção dos dissidentes. Isto não quer dizer que a China bloqueie o acesso
à maioria dos sites da internet: grande parte do material existente na web está disponível aos chineses e sem censura. Os censores do governo censuram sobretudo grupos considerados inimigos do Estado. O bloqueio deste de grupos com esta nomeação é, cada vez mais, insidioso porque a tecnologia de filtro tornou-se bastante sofisticada. Os governos podem bloquear palavras ou expressões sem que os utilizadores se dêem conta de que as suas pesquisas na internet estão a ser censuradas. Quem apoia os opositores da censura critica os sistemas geridos pelo governo, declarando-os o equivalente digital do Muro de Berlim.
Também vêem no combate anticensura um poderoso instrumento político. Todas as semanas, a internet da China recebe 10 milhões de mensagens de correio electrónico e 70 milhões de mensagens instantâneas do consórcio. Mas, ao contrário do correio não solicitado (o spam), as mensagens oferecem software para contornar os sistemas governamentais que bloqueiam o acesso a sites da web de grupos
da oposição.

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