Bem-vindos ao blog da revista Angola'in!

Uma publicação dirigida a todos os angolanos, que pretende ser o elo de ligação da lusofonia. Queremos que este espaço seja mais um meio de contacto com os nossos leitores e todos aqueles que têm ligações a este país. O nosso objectivo é estarmos próximos de si e, com isso, esperamos acolher a sua simpatia e a sua opinião, como forma de enriquecer o nosso trabalho. O seu feedback é uma mais-valia, um estímulo para continuarmos a desenvolver um projecto inteiramente dedicado a si!

Angola'in à venda em Portugal e Angola

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A 1ª edição 2012 da Angola'in é pura sedução! Disponível em Angola e Portugal, a revista marca o seu regresso ao bom estilo das divas: com muito glamour e beleza. Uma aposta Comunicare que reserva grandes surpresas para os seus leitores

terça-feira, 20 de abril de 2010

Inovação&Desenvolvimento

Inovações que vão mudar o mundo



2010 é portador de novas esperanças para a área de Inovação & Desenvolvimento (I&D). A legião de novos sectores dignos de progresso que serão alvo de transformações é, cada vez mais, extensa. Dir-se-á cruciais, se representam a base da luta contra as doenças, a melhoria dos transportes e a gestão eficiente da energia; lúdicos e culturais caso ampliem os nossos objectos de lazer e incrementem as novas tecnologias. A Angola’in seleccionou para si as descobertas que vão marcar os próximos anos, isto porque a tecnologia faz parte da nossa vida e vai mudando as nossas necessidades à medida que também vai evoluindo. A lista das inovações com potencial de mudança sobre a forma como as pessoas trabalharão e viverão e jogarão é hoje inimaginável. Para começar, as tecnologias de poupança de energia solar serão utilizadas no asfalto, nas tintas e até nas janelas. No próximos cinco anos, a energia solar será uma opção acessível para si e para os seus vizinhos, de acordo com o terceiro relatório anual «IBM Next Five in Five». Actualmente, os materiais e os processos para produzir células solares conversíveis em energia solar são demasiado caros e não permitem uma adopção generalizada. Com a criação de células solares «thin-film» a situação vai inverter-se, na medida em que estas células são cem vezes mais finas que as células de silicone e podem ser produzidas a preços mais baixos.


Transporte ecológico

Veículos eléctricos. Esta é a grande aposta do sector automóvel. Uma tendência confirmada pelas grandes marcas. A PSA Peugeot-Citroen irá lançar, ainda este ano, o seu iOn; a BMW deverá seguir-lhe o exemplo e testar o seu Mini E em França, enquanto a Renault já anunciou o lançamento de quatro novos modelos entre 2011 e 2012. Informações que despoletaram o interesse do mercado por este tipo de viaturas, considerado até ao momento como incerto, pelo menos a médio prazo. Apesar da previsão de forte investimento, crê-se que os carros eléctricos não ultrapassem os 3 a 5% no total de vendas a nível mundial até 2020-2025. Carlos Ghosn, CEO da Renault, mostra-se mais confiante, acreditando que estas viaturas poderão representar 10% da escolha de compra relativa a novos veículos nos próximos dez anos. Indiscutivelmente, o motor eléctrico permite um melhor rendimento energético e não emite nenhum gás poluente. Mas subsistem muitas dúvidas quanto à sua autonomia, uma vez que as existentes são insuficientes e, igualmente importante, demoram muito tempo a carregar, não existindo ainda infra-estruturas adaptadas para o recarregamento necessário. Nesse sentido, é evidente que o problema reside na duração da bateria. Se todos concordamos com o facto da bateria tipo lítio-ião ser a que oferece maior autonomia, logo melhor perfomance, também sabemos que para que este tipo de veículos se imponha como uma boa escolha de compra, estas devem ser práticas, de fácil carregamento e maior duração. Actualmente, as mesmas custam entre 12 mil e 15 mil euros, o que faz aumentar e elevar consideravelmente o preço de um simples automóvel ligeiro, equiparando-o muitas vezes ao nível dos melhores veículos de marca a gasolina. No Japão, por exemplo, o i-Miev da Mitsubishi é vendido a 30 mil euros! No entanto, vários construtores europeus garantem que será vendidos a preços mais baixos. Espera-se que os primeiros modelos saiam para o mercado já em Abril. Resta outra pergunta pertinente, os carros eléctricos irão possibilitar uma utilização mais barata? Sim, respondem as marcas, pois enquanto o preço do barril de petróleo aumenta, o das baterias baixa. As estimativas são, por isso, optimistas. Calcula-se que, até 2020, o custo de utilização de um veículo eléctrico seja 24% inferior ao de um automóvel normal. Mais uma vez, se coloca a questão de poder recarregar mais e melhor a bateria. Uma das alternativas mais viáveis para combater este problema é possibilitar a troca de baterias nas estações de serviço das auto-estradas. Está previsto o aumento de locais onde o utente poderá recarregar e trocar as mesmas, com facilidade de acesso. Razão pela qual, a sociedade Better Place, associada da Renault, espera comercializar 100 mil Fluence ZE eléctricos, em Israel e na Dinamarca, a partir de 2011. Contudo, para que estas infra-estruturas avancem será necessário bastante dinheiro. Uma estação de recarregamento rápido custa, segundo a Renault, cerca de 10 mil euros e uma estação de troca de baterias é em média 40 a 50 vezes mais cara.


Mapa genético

Poderá surpreênde-lo, mas ao que tudo indica terá, nos próximos anos, uma “bola de cristal” para saber o estado da sua saúde. Dentro de cinco anos, o seu médico será capaz de fornecer um mapa genético que lhe dirá que riscos de saúde enfrentará e quais poderá evitar durante a vida, baseando-se no seu DNA. E tudo isto por menos de 200 dólares (cerca de 155 euros). Desde que os cientistas descobriram como mapear o genoma humano, novas portas se abriram no sentido de desvendar os segredos dos nossos genes e, assim, prever tratamentos de saúde. Os médicos, por um lado, poderão utilizar esta informação para recomendar mudanças nos estilos de vida e de comportamentos. As empresas farmacêuticas, por seu lado, poderão desenvolver novos e eficientes medicamentos personalizados, à medida das necessidades de cada paciente. Neste contexto, o mapa genético transformará radicalmente a saúde e ajudá-lo a tomar melhor conta de si.




Novas tecnologias

Outra inovação será o poder falar para a Internet e esta responder-lhe. A forma de aceder vai alterar-se radicalmente nos próximos anos. No futuro, será capaz de surfar num modo mãos-livres, recorrendo apenas à voz e deixando de ser necessário o teclado, por exemplo. As novas tecnologias mudarão a forma como as pessoas criam, constroem e interagem com os sites de informação e comércio electrónico, na medida em que a voz substituirá o texto. Imagine enviar e responder a emails e mensagens instantâneas sem escrever. Terá a capacidade de procurar verbalmente na Internet a informação e recebê-la de volta, como se estivesse a ter uma conversa com a rede. Poderá ter as suas próprias assistentes digitais de compras. Já alguma vez lhe aconteceu estar numa loja com dúvidas e não encontrar ninguém que o ajude procurar o que precisa? E os amigos já lhe disseram que determinada roupa fica-lhe mesmo bem? Dentro em breve os consumidores confiarão muito em si mesmos e nas opiniões dos seus pares para tomar decisões relativamente às compras que fazem, não esperando pela ajuda dos assistentes de loja. Uma combinação de novas tecnologias e da nova geração de aparelhos móveis trará progressos significativos à experiência de comprar. Por fim, mas não menos importante: esquecer-se tornar-se-á uma memória distante. O excesso de informação não o deixa dormir? Esqueça-a. Nos próximos cinco anos será muito mais fácil lembrar-se do que comprou na mercearia ou que tarefas têm de ser feitas, com quem falou numa conferência, quando e onde combinou encontrar-se com um amigo ou que produto viu publicitado no aeroporto. Tudo isso será possível porque os detalhes da vida do dia-a-dia serão gravados, guardados, analisados e disponibilizados por aplicações inteligentes portáteis e estáticas, no momento e lugar apropriados.




IN&OUT

Em 2050 seremos nove biliões de seres humanos no planeta. Mas, quando chegarmos à metade do século XXI, que incríveis inventos terão surgido e farão parte do nosso dia-a-dia? Quais as coisas a que já estamos habituados e que terão deixado de existir? O escritor Richard Watson, autor do livro "Future Files: A History of the Next 50 Years", tem alguns previsões. Prevê, por exemplo, que a próxima década será agitada. Morrem as bibliotecas, o email, o DVD... Por outro lado, começaremos a conviver com cirurgias robóticas, olhos artificiais e ossos de plástico... Apresentamos, por isso, algumas das suas sugestões. Ele próprio pede para que não se leve tudo tão a sério - até porque, como se sabe, o futuro é incerto. Watson estuda o impacto das tendências tecnológicas na elaboração de estratégias a longo prazo. A sua publicação mais recente intitula-se "2008+ Ten Trends: Predictions & Provocations", com dez tendências emergentes que terão impacto nas nossas vidas num tempo próximo. As visões futuristas sobre o que irá surgir e o que desaparecerá apresentam duas propostas na linha do tempo, sugerindo quais tecnologias irão nascer e quais as que desaparecerão até 2050. Eis a sua versão para o "Túnel do Tempo”. Divirta-se a imaginar!



Inovações

2008-1010 - Computadores ‘vestíveis’, cosméticos inteligentes

2011-2020 - Cirurgia robótica, computador DNA, espelhos digitais, internet sensorial, jornais em e-paper, máquinas de sonho, olhos artificiais, ossos de plástico, pen-drive de 150 GB, sensores de verdade, sistema de reserva para auto-estradas, telefones descartáveis, via lunar

2021-2030 - Bactérias sintéticas, carros auto-dirigidos, escadaria espacial, escolarização acelerada, estações de abastecimento de hidrogénio, férias virtuais, nanobebidas, nanopílulas, portas com reconhecimento facial, prisões offshore, reforço de memória para humanos, robô-babysitter, tubo gravitacional

2031-2040 - Créditos individuais de poluição, desintegrador, dietas à base de genes, drogas intensificadoras de realidade virtual, fábricas espaciais, fax 3D, impressoras tridimensionais, moeda única global, países-prisões, papel de parede em vídeo, pastas de dentes nanobóticas, vias de circulação auto-reparadoras

2041-2050 - Cartão de identificação global, cérebro artificial, comércio de reputações, download de memória humana, eleições globais, homem em Marte, identificação biométrica compulsória, insectos robóticos, manto de invisibilidade, marchas virtuais de protesto, mineração espacial, misturador de DNA, rebocador espacial, residências que se limpam por si, roupa de controlo de stress, sistema global de imposto único, spray de invisibilidade, substituto para o sono, transplante de cérebro, trocas de bebés, cidades silenciosas





Extinções

2001-2010 - Brinquedos de madeira, cartões perfurados, clima normal, máquinas fotográficas polaroid, soberania nacional

2011-2020 - Agências de correio, reforma, atendimento ao cliente, bibliotecas, Blackberry, pesquisa baseada em texto, catálogos de lista telefónica, cinzeiros, DVD, email, internet com teclado, linhas de telefone fixo convencional, lojas de aluguer de vídeo e DVD, marketing directo, perder-se, publicidade em outdoors estática, recepcionistas, televisores de tubo de raios catódicos

2021-2030 - Artesãos, computadores desktop, Copyright, auto-estradas gratuitas, rugas, sindicatos

2031-2040 - Chaves, classe-média, moedas, parto natural, petróleo, veículos movidos a petróleo

2041-2050 - Cegueira, emissões de carbono, espaços públicos gratuitos, moedas nacionais, papel-moeda, surdez, tarefas domésticas

2051-2060 - Cirurgia plástica cosmética, dor física, estados nacionais, morte


Nanotecnologia: sabe o que é?

As principais empresas e investigadores de todo o mundo participam com sucesso de todas as indústrias-chave, facto que não os permite ficar indiferentes à nanotecnologia, considerada a verdadeira tecnologia do futuro, pois possibilita armazenar, cada vez mais, informações em discos rígidos, cada vez menores, que são aplicados, por exemplo, em janelas fotovoltaicas, em materiais utilizados pela indústria automóvel na fabricação de motores e carrocerias ultraleves ou em articulações artificiais, com um tratamento especial da superfície que as tornam menos agressivas ao corpo humano. Estima-se que, grosso modo, um mesmo número de empresas dos EUA e da Europa se ocupa com estudos nesta área. Também no sector diversificado da biotecnologia já actuam mais de 600 empresas. Trata-se do desenvolvimento de novos métodos e processos na biotecnologia e na biomédica, na pesquisa de biomateriais, na indústria alimentar, no combate às pragas ou de pesquisas inovadoras nas indústrias farmacêutica e química. A nanotecnologia permite-nos caracterizar e estruturar novos materiais com uma precisão de nível atómico, levando a materiais tão superiores aos existentes no passado, como o aço foi superior ao ferro e o ferro superior ao bronze. Materiais nanoestruturados prometem ser mais fortes e mais leves que os materiais convencionais. O que trará inumeráveis impactos benéficos, de carros e aviões mais seguros e mais eficientes no uso do combustível, a malas que suportem a manipulação das bagagens nos aeroportos! Mas a resistência é apenas uma propriedade entre outras. Desenhar materiais com precisão atómica permitirá um controlo nunca antes obtido sobre as suas propriedades eletrónicas, magnéticas, ópticas e térmicas - de facto, quaisquer propriedades que desejemos intensificar. Esteja atento!

Economia


'Nova geografia económica'


Um renovado interesse na geografia económica está a nascer. A revolução que assentou nos rendimentos crescentes/concorrência imperfeita - fundamento dos modelos de crescimento endógeno, que transformaram a teoria económica das duas últimas décadas - vive hoje novos desafios. Findos as três primeiras fases desta revolução, marcada, primeiro, pela nova organização industrial que criou um conjunto de modelos de concorrência imperfeitos, segundo, pela nova teoria comercial, que utilizou tal conjunto para construir modelos de comércio internacional na presença de rendimentos crescentes e, por último, pela teoria do crescimento que aplicou todo este instrumental à mudança tecnológica e ao desenvolvimento económico, é tempo de entender a geografia económica, segundo Paul Krugman, Prémio Nobel de Economia (2008). Para o mesmo, este termo entende a localização da produção no espaço, ou seja, é o ramo da economia que se preocupa com “onde” ocorrem os negócios e se localizam as empresas. No sentido adoptado por Krugman, a maior parte da economia regional e algumas questões da economia urbana constituem a geografia económica. A teoria do comércio internacional, segundo ele, é um caso especial da geografia económica, onde as fronteiras e as acções dos governos desempenham um relevante papel na determinação da localização e distribuição espacial das actividades produtivas. Este investigador considera que as teorias do comércio, o crescimento e os ciclos económicos da década de 80 oferecem uma visão mundial da economia bastante distinta da que derivava do corpo teórico antecedente: concorrência perfeita, crescimento equilibrado e convergência da produtividade entre países. “Rendimentos crescentes de escala que se mantêm de forma permanente e concorrência imperfeita; equilíbrios múltiplos em todas as partes, e um papel cada vez mais decisivo para a história, os ‘acidentes’ [...]: essas são as ideias que se estão a tornar populares [...]”, referia Krugman já em 1992. A clara dependência da história, que caracteriza a localização da produção em todas as partes do mundo, é, para o Prémio Nobel, a prova de que a economia está mais próxima de um mundo dinâmico guiado por processos acumulativos, do que do modelo típico de rendimentos constantes de escala. Krugman tem procurado incessantemente demonstrar duas coisas: que os rendimentos crescentes têm, de facto, uma influência permanente na economia e que, quando se estuda a distribuição geográfica da produção nas economias reais, se percebe que os acontecimentos históricos desempenharam um papel decisivo na sua concretização. A sua posição sobre a influência dos acontecimentos ou “acidentes” históricos na concentração de empresas, tem como antecedente o “facto histórico fortuito” de Myrdal, indicado por este autor como a origem do poder de atracção de um centro económico.


Os rendimentos crescentes, conforme Krugman, afectam a geografia económica em vários âmbitos. No nível mais reduzido, a localização de sectores específicos reflecte algumas vantagens transitórias; num nível maior, a própria existência de cidades constitui um fenómeno visível da existência de rendimentos crescentes de escala; no nível superior, o desenvolvimento desigual entre regiões pode ser consequência de processos cumulativos enraizados nos rendimentos crescentes. No modelo de Krugman, a interacção entre a procura, os rendimentos crescentes e os custos de transporte são a força motriz desses processos cumulativos que acentuam as desigualdades regionais. No início do século XX, explica, os geógrafos deram-se conta de qua a maior parte da indústria dos Estados Unidos estava concentrada numa parte relativamente pequena da região Noroeste e da parte central do Meio Oeste, que se tornou conhecida como “Cinturão Industrial”, termo que, segundo Krugman, parece ter sido usado pela primeira vez por DeGeer (The american manufacturing belt, 1927). Durante a fase de apogeu do Cinturão, a maior parte da indústria que se concentrava no seu exterior, conforme explica, correspondia ao processamento de matérias-primas ou à produção destinada ao mercado local. Isto é, o Cinturão Industrial continha praticamente todas as indústrias “soltas”, ou seja, que não estavam ligadas a uma determinada localização nem pela necessidade de estar muito próximas do consumidor final, nem pela necessidade de utilizar os recursos naturais situando-se muito perto da sua fonte. Este facto tornava ainda mais expressiva a dimensão da concentração de empresas dentro e no entorno do Cinturão, salienta. Em meados do século XX, a maior parte das matérias-primas utilizadas pelas indústrias situadas na área do Cinturão era importada de outras regiões. Krugman questiona-se sobre o porquê de, mesmo diante dessa situação, uma parte tão considerável da indústria dos Estados Unidos ter permanecido localizada nesta pequena área de território do país. A resposta, para ele óbvia, era devido às vantagens proporcionadas por se estar próximo das demais fábricas instaladas no Cinturão, ou seja, uma vez estabelecido o Cinturão, nenhum fabricante individual teria interesse em se distanciar do mesmo. O economista atribui a uma questão central referenciada aos detalhes da história, a razão de se ter originado uma concentração geográfica dessa natureza. Nota-se na análise efectuada, fortes traços de similaridade à análise sobre a origem e existência dos clusters nos Estados Unidos e em outros países. Segundo este, as forças que incitam os empresários industriais a se agruparem residem nas externalidades da procura. No seu modelo, “a concentração geográfica nasce, basicamente, da interacção entre os rendimentos crescentes, os custos de transporte e a procura [...]”. Se as economias de escala são suficientemente grandes, cada fabricante prefere abastecer o mercado nacional a partir de um único local. Para minimizar os custos de transporte, elege uma posição espacial que permita contar com uma procura local grande. Mas a procura local será grande, precisamente na área onde a maioria dos fabricantes elegem situar-se. Deste modo, existe um argumento circular que tende a manter a existência do Cinturão Industrial [ou do cluster], uma vez que este tenha sido criado, explica. Krugman considera importante salientar que o aparecimento do Cinturão Industrial remonta a meados do século XIX. Ele utiliza este facto para contrapor os argumentos de que as economias externas e os processos cumulativos tenham assumido maior relevância nas décadas recentes por força da crescente importância da tecnologia. A concentração geográfica da indústria nos Estados Unidos, pontua Krugman, existiu muito antes do advento da era da informação. Com isso, ele conclui que não só não é certo que a economia na actualidade não se ajuste ao modelo convencional dos rendimentos constantes de escala, mas também que nunca cumpriu tal função. Reportando-se especificamente à análise económica da localização industrial, enumera três razões que identifica como favoráveis à concentração de uma actividade num determinado local.


  1. Graças à concentração de um elevado número de empresas de um ramo no mesmo local, um centro industrial cria um mercado conjunto para trabalhadores qualificados, que beneficia tanto os trabalhadores, como as empresas;
  2. Um centro industrial permite a provisão, em maior variedade e a um menor custo, de factores concretos necessários ao sector, que não são objecto de comércio;
  3. Devido ao facto da informação fluir com mais facilidade num âmbito mais restrito, que ao longo de grandes distâncias, um centro industrial gera o que se pode chamar, nas palavras de Krugman, de osmose tecnológica (technological spillovers).


No que se refere à disponibilidade de factores e serviços específicos de uma indústria, Krugman levanta duas questões referentes aos factores intermediários, a primeira é que a sua oferta dependerá da existência de economias de escala, pois, apenas a presença de rendimentos crescentes permitirá a um grande centro de produção dispor de fornecedores mais eficientes e mais diversificados, do que um centro pequeno. A segunda é que essa oferta não dependerá de nenhuma assimetria dos custos de transporte entre os bens intermediários e os bens finais. Tratando dos efeitos externos mais ou menos puros que se produzem como resultado da osmose de conhecimentos entre empresas próximas, o especialista ressalta que o ênfase dado à alta tecnologia em grande parte das discussões políticas contribuiu para converter as externalidades tecnológicas nos determinantes mais óbvios da concentração. Declara-se, por isso, “seguro de que verdadeiros processos de osmose tecnológica desempenham um importante papel na concentração de alguns sectores, mas nem por isso há que se supor que esta seja a razão principal – nem mesmo para a própria indústria de alta tecnologia [...]”. Levantando um outro importante ponto do seu modelo teórico, Krugman diferencia região de país, sugerindo a conveniência de eliminar as nações da descrição do comércio inter-regional, entre países, no âmbito internacional. Para ele uma nação não é uma região ou uma localização. No caso das grandes tendências de aglomeração que aparecem no modelo centro-periferia, Krugman afirma que a natureza das externalidades provêm dos efeitos do tamanho do mercado frente aos custos de transporte, ou seja, da existência de elos para frente e para trás, que estimulam os produtores a concentrarem-se nas proximidades dos grandes mercados, além de propiciarem aos mercados importantes que este se concentrem junto os produtores, não existindo nenhuma razão para se pensar que as fronteiras nacionais irão definir as regiões relevantes. As transacções no espaço exigem alguns custos; existem economias de escala na produção. Os empresários têm um incentivo à concentração da produção de cada bem ou serviço num número limitado de lugares, isto porque a realização de transacções no espaço comporta alguns custos. Os lugares preferidos por cada empresa individual são aqueles nos quais a procura é grande ou a oferta de factores é particularmente conveniente, o que, em geral, são os lugares que outras empresas também irão eleger. Por este motivo, a concentração da indústria, uma vez criada, tende a autosustentar-se; esta realidade cumpre-se tanto no que se refere à concentração de sectores individuais, como no que cria aglomerações de [grande] magnitude”, salienta.

Bolsa de Valores Sociais



As duas faces da moeda


O conceito é inédito e visa financiar projectos de luta contra a pobreza. Apesar de existir em apenas dois países, a Bolsa de Valores Sociais é um caso de sucesso, nomeadamente no Brasil, onde tem ajudado a colmatar inúmeras situações de carência social. É um método inovador e rentável para quem se preocupa com a responsabilidade social do seu negócio. Angola pode ser a próxima a acolher este organismo.

A Angola’in apresenta ao longo das próximas páginas as vantagens do sistema e os seus benefícios para as economias africanas.

Desengane-se quem associa este projecto a caridade ou filantropia. A filosofia diverge do conceito, definindo-se, no entanto, como um modelo de solidariedade. Neste caso, existe uma grande diferença: o doador conhece o destino do seu dinheiro antes de o disponibilizar e acompanha a evolução do programa que decidiu auxiliar.

A Bolsa de Valores Sociais (BVS) é a alternativa eficaz para empresas de todas as dimensões e sectores que pretendam aplicar com a máxima segurança as verbas de Responsabilidade Social e de apoio solidário em Organizações da Sociedade Civil, que sejam capazes de devolver esse investimento na forma de lucro social. A fórmula do sucesso é simples: a entidade garante que os cidadãos/ empresas encontrem a transparência e profissionalismo por parte das organizações não governamentais e instituições sem fins lucrativos, ou seja, quando apoiam boas causas sabem à partida qual o impacto que a sua doação terá na comunidade e qual o seu efeito. Ao estabelecer parceria com este organismo adquire o selo de “Investidora Social na BVS”, que pode ser exibido nos materiais de divulgação da empresa. Por outro lado, terá assessoria garantida nas campanhas especiais de mobilização interna, de voluntariado, de marketing social e de todas as áreas que pretenda explorar para sensibilizar os colaboradores. Os particulares também podem ‘jogar’ nesta bolsa.


Proposta atraente

A ideia de desenvolver um projecto em tudo idêntico ao de uma Bolsa de Valores tradicional surgiu da necessidade de tornar a sociedade mais justa e promissora, através da criação de um modelo de troca e encontro entre as organizações com programas concretos e relevantes para o desenvolvimento de determinado segmento da sociedade e os doadores, que na maioria das vezes se sentem perdidos na hora de legar os seus fundos, acabando inevitavelmente por perder o ‘rasto’ da iniciativa que apoiaram. O objectivo da BVS ultrapassa largamente a finalidade da caridade, visto que nestes casos os investimentos, tal como acontece nas Bolsas de Valores, geram lucros. Aliás, a filosofia é idêntica. Aqui circulam acções, há lugar para investidores e apostas. A única diferença está no retorno: ao invés do financeiro, o lucro é para a comunidade.

O conceito pode e deve ser adaptado pelo países mais pobres, nomeadamente aqueles que estão em desenvolvimento. Actualmente, a Campanha do Milénio para erradicar a pobreza até 2015 tem desenvolvido uma série de actividades nas diversas áreas criticas da sociedade, pelo que este mecanismo pode ser um importante instrumento de auxilio à implementação de projectos. Afinal, o continente africano dispõe de um incalculável número de organizações não governamentais a actuar no terreno, que necessitam urgentemente de investidores interessados em apoiar e acompanhar as propostas sociais. A Angola’in apresenta-lhe uma iniciativa com futuro, que possui todos os ingredientes para ‘vingar’ no contexto africano. No final de contas, todos ganham com um investimento seguro.



Pioneira e inovadora

A primeira BVS nasceu no Brasil. O programa foi criado pela Bovespa (http://www.bovespa.com.br), em 2003. Desde a sua fundação até Fevereiro de 2009, as correctoras arrecadaram R$ 4,7 milhões, possibilitando a implementação de 36 programas educacionais de ONGs brasileiras, que actuavam ao nível das condições sociais de crianças, adolescentes e jovens adultos das várias regiões. As organizações da sociedade civil que pretendem ser cotadas na bolsa devem apresentar um projecto, que posteriormente será analisado, de acordo com a sua viabilidade, capacidade de inovação e impacto na sociedade.

O organismo brasileiro conta com o apoio oficial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), tendo inclusive sido reconhecido pela ONU, em 2005, como ‘case study’ (caso de estudo) e modelo a ser aplicado por outras bolsas de valores. Em 2006, serviu de inspiração para a formação da South African Social Investment Exchange (Bolsa de Investimentos Sociais da África do Sul), que contou com o auxilio da Bolsa de Johannesburgo. Em 2007, a BSV brasileira passou a incluir projectos na área ambiental, dadas as preocupações com as alterações climáticas. Recentemente, a entidade formou o segundo espaço do género e o primeiro na Europa. Portugal foi o país escolhido para albergar a iniciativa.


O caso português

Inaugurada em Novembro de 2009, a Bolsa de Valores Sociais de Portugal negociou em apenas um mês cerca de 17 mil euros em acções, valores considerados “positivos” pelos seus responsáveis. No final do ano, a entidade lusa contava com 210 investidores sociais (entretanto juntaram-se mais três instituições), que contribuíram com um milhão de euros para financiar dez novos projectos, atingindo os 57 mil euros de acções no final do primeiro trimestre de actividade. No balanço de Janeiro, a BVS divulgou ainda que dispunha de 72 candidaturas em análise que deram lugar à dezena de projectos cotados. A meta é ter 24.

A BSV lusa é a primeira na Europa e conta com o apoio da Euronext Lisboa e das Fundações Gulbenkian e EDP. As áreas de actuação são multidisciplinares. É o caso da PAR, uma das organizações escolhidas que promove os objectivos do Milénio da ONU, através da actuação junto dos universitários, um dos grupos com capacidade para exterminar a pobreza. Já o plano da Etnia consiste em valorizar a diversidade cultural em escolas onde 25 por cento dos alunos são filhos de imigrantes com problemas de exclusão. Na mira estão oito estabelecimentos do Chiado, em Lisboa.

Os projectos a carecer de apoio são apresentados no site da BVS (http://www.bvs.org.pt) e cada empresa ou cidadão pode seleccionar a entidade a quem deseja doar acções. Cada acção vale 1€ e é obrigatório adquirir no mínimo dez. Ao registar-se, o investidor vai acompanhando o desenvolvimento do organismo que apoia.

O funcionamento desta Bolsa é simples. Miguel Atahyde Marques, presidente da Euronext Lisbon, explicou a um jornal diário português que os princípios da BVS são iguais aos da Bolsa de Valores, ou seja, “pôr em contacto fundos para investir e instituições que precisam de fundos para desenvolver projectos”. A transparência e a prestação de valores são os princípios de conduta do mecanismo. “É um ponto de encontro entre dadores e instituições que precisam de fundos para desenvolver os seus projectos de responsabilidade social”, esclarece.


Mais-valia africana

A BSV brasileira inspirou outros mercados, que implementaram projectos semelhantes, recorrendo à iniciativa local. África do Sul, Índia, China e Estados Unidos desenvolveram projectos de investimentos sociais, que se dedicam a uma distribuição mais equitativa do capital pelas comunidades mais pobres. O programa é semelhante ao da Bovespa (Brasil), mas dinamizado por organizações sociais. O mecanismo tem um funcionamento similar ao da entidade brasileira. Os projectos são rigorosamente seleccionados e apresentados ao público como oportunidades de investimento com retornos sociais. Os planos candidatos são submetidos a múltiplos critérios, em que o mais preponderante é a sua capacidade de gerar lucros para a sociedade, propiciando o desenvolvimento da África do Sul. As propostas são colocadas no site (http://www.sasix.co.za), onde surge em detalhe o risco do plano, o investimento mínimo requerido e o tempo esperado para se obter resultados. O investidor pode escolher um projecto ou criar um portfolio com várias acções a apoiar. Neste caso, é estabelecido um elo entre as organizações não-governamentais que necessitam de fundos para desenvolver um determinado projecto (que possa contribuir para a erradicação da pobreza) e os investidores. Duas semanas após o seu lançamento, em Junho de 2006, tinham sido movimentadas mais de duas mil acções em projectos sociais, gerando cerca de R$100,000 em fundos.

Estes projectos revelam sinais de forte empreendedorismo por parte dos africanos. Celso Grecco, director da BVS está ciente de que o continente “não pode, nem quer depender mais da caridade alheia”. “Tenho a certeza de que o povo africano quer investimento social”, assegura o responsável, em declarações à Angola’in.



Angola, potencial candidata

Celso Grecco explicou numa entrevista concedida à revista portuguesa Gingko que o modelo pode ser replicado em qualquer parte do mundo. “Todos os países têm bolsas de valores, todos têm problemas sociais”, esclareceu. Aliás, o criador do conceito arrisca apontar Angola como o próximo país a aderir a esta ferramenta. A escolha é encarada como “um processo natural, a partir da experiência em Portugal”.

De facto, o boom económico pode potenciar a instalação da organização ou de entidades sociais, à semelhança do que acontece na África do Sul. Celso Grecco admitiu à Angola’in que está convicto de que “será possível encontrar em Angola empresas e cidadãos bem estabelecidos, dispostos a ajudar a gerar este novo tipo de capital – o capital social – e, com isso, diminuir a distância entre pobres e ricos”. Aliás, o responsável aponta a exterminação da miséria como o único caminho a seguir para acabar com esse fosso.

Angola pode ser o próximo destino, visto que partilha a herança cultural de solidariedade, característica intrínseca das antigas colónias portuguesas. “É natural que os países africanos de língua oficial portuguesa sejam os próximos e, nesse sentido, vejo Angola como um potencial mercado, inclusive pelo seu desenvolvimento económico”, assegura Celso Grecco. Questionado pela Angola’in quanto aos benefícios da inclusão da BSV na nação angolana, o cérebro deste organismo lembra que o país “enfrenta tremendos desafios sociais”, pelo que “uma Bolsa de Valores Sociais pode ser parte da resposta”, já que “a grande pátria luso-brasileira-africana tem o espaço e as condições para a sua criação”.

“A mais-valia da BVS para Angola seria ajudar o país a perceber que Organizações Sociais fazem um trabalho que realmente promove o desenvolvimento económico das comunidades pobres, combatendo a pobreza e criando mecanismos de educação que efectivamente promovam a inclusão social”, sustenta.

Contudo, uma questão sobressai quando se fala do contexto nacional. O país está preparado para acolher este projecto? Celso Grecco acredita que sim. “Os Governos, muitas vezes por falta de pessoas de visão estratégica, preocupam-se em gerar riquezas para depois dividi-las. O foco está na atracção de capital internacional e na estabilidade dos mercados financeiros”, refere. Mas como aplicar essa lógica no contexto das necessidades das comunidades? Para o responsável são temas indissociáveis. “Não é possível gerar apenas capital financeiro, é necessário cuidar do capital social”, argumenta. “Este último é aquele que é gerado pelas organizações sociais, pelas cooperativas, pelas pequenas empresas sociais e micro-empreendedores”, reitera, defendendo que o dinheiro pode ser simultaneamente promotor de riqueza e de bem-estar para a sociedade.

Celso Grecco acredita que este é o caminho para o desenvolvimento sustentável das sociedades. O mercado africano está por explorar. No entanto, o sucesso da BVS no Brasil e em Portugal é um auguro da viabilidade deste projecto ao nível das comunidades mais desprotegidas. Para o responsável brasileiro, estão reunidas todas as condições para a sua implementação. Resta aguardar pelas iniciativas das organizações civis e estatais.