Igreja portuguesa lança programa de combate à mortalidade materno-infantil
A Igreja Católica portuguesa vai investir 170 mil euros no combate à mortalidade materno-infantil em Angola, que é actualmente o país com a terceira pior taxa mundial de mortes infantis e onde ter um filho representa risco elevado para as mulheres.
O projecto será implementado pela Fundação Evangelização e Culturas (FEC) e terá a duração de um ano, contando com o financiamento de vários parceiros portugueses e angolanos. Entre os colaboradores lusos, surge a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que contribuiu já com 50 mil euros ao abrigo de um protocolo assinado ontem, em Lisboa, com a Conferência Episcopal Portuguesa.
A FEC está igualmente a negociar apoios financeiros com a Fundação Gulbenkian, Instituto Português de Ajuda ao Desenvolvimento (IPAD) e Alto Comissariado da Saúde, devendo em breve ser assinados protocolos semelhantes. "Os números[da mortalidade manterno-infantil] são assustadores em Angola. Mesmo dentro do contexto africano, continua a ser dos países com a taxa mais elevada. O momento do parto é um momento de grande risco e perigo para a vida da mulher e do bebé. É esta situação que este projecto pretende aos poucos ajudar a inverter", disse aos jornalistas à margem da assinatura do protocolo Susana Refega, directora da FEC.
O projecto, que arrancará ainda esta semana, decorrerá ao longo de um ano em três dioceses-piloto de Angola e, numa primeira fase (até Março), irá fazer o diagnóstico da situação actual dos cuidados de saúde primários prestados pela Igreja Católica em Angola. Apesar de não estarem ainda definidas as dioceses que irão acolher o projecto, Susana Refega pensa que a diocese da Luena pode ser uma das escolhidas. Em simultâneo, será feito o "desenho e definição" da segunda fase do projecto (de Abril de 2010 a Outubro 2012), que compreende a reabilitação de infra-estruturas, capacitação dos recursos humanos e trabalho junto das populações.
Os dados mais recentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que remontam a 2004, colocam Angola como o terceiro país com a pior taxa de mortalidade infantil com 250 mortes por cada mil nascimentos, e uma média de 220 mil mortes anuais de crianças com menos de cinco anos. Em média, morrem 1.500 mulheres em cada 100 mil partos.
Rui Cunha, provedor da Santa Casa da Misericórdia em Lisboa, considerou a mortalidade materno-infantil em Angola uma questão de saúde pública que urge minorar, deixando em aberto um possível aumento da contribuição financeira para o projecto.
Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, o trabalho da Igreja portuguesa em África faz parte "do pagamento que Portugal deve ir fazendo da dívida histórica que tem com os países lusófonos". "A Igreja tem ido ao encontro dos países de expressão portuguesa com diversas iniciativas, nomeadamente nas áreas da rádio e do ensino. Esta é uma nova oportunidade de poder construir uma autêntica comunidade na área da saúde materno-infantil" em conjunto com a Igreja de Angola, disse D. Jorge Ortiga.
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