Jornais angolanos comprados por grupo privado
O grupo Media Investments, de capitais privados angolanos mas de origem desconhecida, anunciou hoje a aquisição de três dos mais importantes jornais de Angola: o 'Novo Jornal', o 'Semanário Angolense' e 'A Capital'. Em comunicado distribuído à imprensa, o grupo de capitais privados, refere que se tratou "de uma transacção normal, ditada exclusivamente por factores de mercado".
Os accionistas do referido grupo e o valor de aquisição dos semanários não foram revelados, tendo sido apenas divulgado que o formato gráfico e editorial, bem como a periodicidade dos mesmos, não serão alterados.
Segundo a nota, com a aquisição na totalidade da sociedade 'Semanário Angolense' passaram também para o grupo a sua principal publicação e todos os activos inerentes à produção do jornal, excepto a sua sede social. O jornalista Severino Carlos, antigo editor chefe e editor de Política da publicação, passa a ser o novo director do jornal, cargo antes ocupado pelo jornalista Graça Campos, que na semana passada se despediu da redacção. Relativamente aos semanários 'A Capital' e 'Novo Jornal', o comunicado dá conta que o primeiro foi comprado na sua totalidade e o segundo em 40 por cento, por cedência de parte da participação do Grupo ESCOM que era de 55 por cento.
Os três títulos que agora mudam de mãos têm a particularidade de se terem evidenciado com um posicionamento editorial crítico ao governo, embora com abordagens diferentes, nomeadamente o 'Novo Jornal', onde o espaço nobre do jornal são as reportagens e os dossiers essencialmente dedicados aos problemas da sociedade angolana.
O jornalista e membro do Conselho Nacional de Comunicação Social, Reginaldo Silva, comentando a notícia, em declarações à rádio Luanda Antena Comercial, disse existirem muitas questões por se esclarecer na aquisição dos referidos jornais, nomeadamente o valor de aquisição e a identificação dos novos proprietários.
Reginaldo Silva lembrou que a legislação angolana é clara em relação à questão do monopólio e à transparência de propriedade, pelo que é necessário que sejam conhecidos os accionistas da Media Investiments.
O mercado da comunicação social em Angola é hoje detido por vários grupos privados, nomeadamente Media Nova, New Media/ESCOM, Score Media, entre outros. A ESCOM é a única empresa com propriedade conhecida que deu a conhecer a sua participação no capital do 'Novo Jornal'. O Estado é o maior proprietário na área da comunicação social com os dois canais da Televisão Pública de Angola, a Rádio Nacional de Angola, com a sua multiplicidade de antenas, a agência de notícias Angop e os diários Jornal de Angola e Jornal dos Desportos, contando ainda com o económico Economia & Finanças.
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