Portugal desinvestiu mais do que investiu
O investimento português em Angola é hoje mais diversificado e cresceu até 2009, quando foi travado pela crise. Mas, nos últimos três anos, Portugal desinvestiu mais do que investiu no pais de África que mais investimento estrangeiro recebe.
Os dados oficiais do Banco de Portugal mostram que Portugal e Angola são parceiros cada vez mais importantes um para o outro nas relações económicas, acompanhando as tendências registadas na área do comércio, com os investimentos de lado a lado a aumentarem.
Angola foi o terceiro país estrangeiro onde Portugal mais investiu em 2008 -- cerca de 775,1 milhões de euros -- e manteve essa posição em 2009, apesar de o investimento ter sido menos, atingindo os 557,43 milhões de euros.
Por outro lado, nos últimos anos, tem havido um desinvestimento crescente de Portugal, que fez com que em 2007, 2008 e 2009 o investimento líquido tenha sido negativo, o que poderá ser explicado pela venda, a empresas de capital angolano, de participações significativas, sobretudo em bancos detidos por grupos portugueses e menos lucros reinvestidos.
Os sectores em que o investimento português em Angola é aplicado mostra também uma inversão, com a construção a absorver mais de metade do total (51 por cento em 2008 e 55,5 por cento em 2009), seguido do comércio por grosso e a retalho, quando antes eram as actividades financeiras que absorviam o grosso do fluxo desse investimento (32,6 por cento em 2005 e 55,9 por cento em 2006).
Enquanto emissor de investimento para Portugal, embora o peso no IDE total seja ainda reduzido, ocupando Angola em 2009 o 15º. lugar e representando apenas 0,36 por cento, os dados do Banco de Portugal mostram um enorme crescimento, tendo mais do que quadruplicado de 2007 para 2008, passando de 15 milhões de euros para 49,82 milhões de euros investidos, e mais do que duplicado este valor em 2009, para 113,94 milhões de euros.
Esta evolução é visível também nas relações económicas com o resto do mundo, segundo dados do World Investment Report publicado pelas Nações Unidas, Angola é mais importante a nível mundial enquanto receptor de IDE do que enquanto emissor, mas sobe cada vez mais no ranking de investidor.
Em 2009 Angola recebeu cerca de 6,9 mil milhões de dólares (cerca de 5,46 mil milhões de euros), uma queda em ano de crise mundial para menos de metade de 2008, mas ainda assim vem ocupando desde 2004 entre o 25º. o 38º. lugar como receptor a nível mundial e o maior em África, enquanto como emissor ou investidor no estrangeiro, passou da posição 75, em 2004, para 41 em 2008.
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