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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Gás Natural, o desafio




Gás Natural Ecológico


Energia limpa, com baixas emissões de gases de estufa, susceptível de ser exportada, segura e amiga do ambiente. Estas são apenas algumas das vantagens do Gás Natural Liquefeito (LNG). O Governo encontrou nesta alternativa uma forma de aproveitar os resíduos da produção de petróleo, evitando a sua queima e reutilizando para um combustível que aproveita os recursos naturais e dá lugar a diversos produtos mais eficientes.

O desejo de investimento da Commonwealth volta a relançar o debate sobre a necessidade de diversificar a economia, apostando em áreas que diminuam a dependência do petróleo e das suas oscilações no mercado. Recorde-se que a crise nacional se deve em parte a esta centralização e ao modelo de gestão assente na riqueza do crude. O Governo está a actuar e a canalizar os orçamentos para áreas alternativas. É o caso do gás natural, que está a conquistar adeptos.

O número de empresas interessadas em participar na exploração e produção da ‘energia limpa’ não pára de crescer. O projecto Angola LNG (Gás Natural Liquefeito) ainda se encontra na fase de implementação (arranque previsto para 2012), mas já é um sucesso. Apesar de depender da extracção do petróleo, a sua sustentabilidade e o facto de ser ecológica fazem desta energia uma fonte de riqueza a longo prazo.

O projecto é uma “joint-venture” que conta com parceiros como a Bp (13,6%), Chevron (36,4%), ExxonMobil (13,6%), Sonangol (22,8%) e Total (13,6%). Avaliada em mais de 17 mil milhões de dólares, a produção de LNG deverá alcançar os cinco milhões de toneladas de metros cúbicos por ano. Os primeiros carregamentos estavam previstas para 2010, mas devido a atrasos tal poderá acontecer nos próximos meses. De acordo com um relatório do Banco Mundial, cerca de 85 por cento do gás natural do país é produzido em simultâneo com o petróleo, sendo uma parte queimada. O plano visa transformar o gás natural dos reservatórios petrolíferos (localizados em off-shore – mar) em energia para os mercados internacionais, algo que pode acrescentar às exportações mais de mil milhões de dólares por ano e evitar a queima do produto.

A exploração deste recurso natural vai contribuir para o desenvolvimento das indústrias e da agricultura. O LNG será responsável pelo fornecimento de 125 milhões de pés cúbicos-padrão por dia de gás para consumo doméstico (2.1 milhões de mts cúbicos).

A província do Zaire é a maior privilegiada. O município do Soyo vai albergar a fábrica de produção, que vai dar trabalho a seis mil pessoas, proporcionando uma redução da taxa de desemprego na zona (cerca de 95 por cento) e uma melhoria da qualidade de vida das populações que terão acesso a gás butano para cozinha e a uma melhor rede eléctrica. Os 5,2 milhões de toneladas de metros cúbicos de gás natural que serão produzidos no espaço vão ser disponibilizados na maioria à Sonangol para uso doméstico e exportação (continentes americano e europeu).



LNG Angola

É a alternativa comercialmente atractiva em relação à queima do gás associado à exploração do petróleo. O projecto vai proporcionar o reaproveitamento do potencial energético angolano para produção de gás natural, que será aplicado no desenvolvimento industrial local. Na ausência de um mercado interno suficientemente abrangente, o país procura oportunidades de grande escala para comercializar o produto. Recorde-se que cerca de 50 descobertas nas águas profundas dos Blocos 0 - 14, 15, 17 e 18 (incluindo o dos campos Quiluma, Enguia Norte, Atum e Polvo) contêm cerca de dez biliões de barris de petróleo recuperável e vão começar a laborar nos próximos cinco a dez anos. Estima-se ainda que a maior parte das áreas de águas profundas e ultra-profundas são consideradas de grande potencial e continuam por explorar. O gás da zona marítima é recolhido e conduzido por gasoduto até uma unidade de liquefacção situada em terra, perto do Soyo (Zaire).

A edificação da fábrica de LNG começou em 2008, enquanto as actividades de construção do gasoduto iniciaram em Maio de 2009. A conclusão dos trabalhos do gasoduto está prevista para 2011, pelo que o primeiro gás natural liquefeito do projecto será entregue no início de 2012 ao mercado dos EUA, através do terminal de regaseificação da Clean Energy (Mississipi), que está a ser instalado pela Gulf LNG Energy LLC. “O projecto permite o aproveitamento útil do gás natural, que de outro modo seria queimado nas nossas áreas de produção petrolífera da zona marítima. Esse aproveitamento vai criar as condições necessárias ao desenvolvimento petrolífero sustentável, ao mesmo tempo que será o ponto de partida para a implantação, em Angola, de uma indústria baseada no gás natural”, afirmou Manuel Vicente, presidente do Conselho de Administração da Sonangol EP, numa entrevista à imprensa diária.

O Gás Natural Liquefeito é um gás natural que, quando arrefecido até temperaturas próximas dos -160ºC, condensa-se para o estado líquido tornando-se seguro e económico para o transporte a longas distâncias. Após transformado em LNG, traz benefícios económicos para os países exportadores: além de flexível em termos de transporte, é mais barato e versátil, pois pode ser usado na produção de energia eléctrica, como reservas sazonais de gás e como combustível limpo.


Alternativa limpa

“Em Angola, num passado recente, o aproveitamento de gás era para produzir energia nas instalações das plataformas. Hoje foram criadas condições para que este gás associado ao petróleo pudesse ser aproveitado, criou-se […] o projecto LNG, que vai fazer o aproveitamento deste recurso, que vai contribuir também para o aumento de receitas do nosso país”, sustentou recentemente Botelho de Vasconcelos, ministro dos Petróleos. De facto, o gás natural foi identificado como o combustível preferido quando se trata de cuidar do meio ambiente. O facto de proceder a uma queima limpa, emitindo níveis mais baixos de subprodutos nocivos para a atmosfera, e as emissões globais reduzidas fazem deste recurso uma forma de energia que não deve ser desperdiçada.

O projecto insere-se no quadro da política do Governo com vista a eliminar todo o tipo de queima do gás natural. Este é um passo assertivo para a protecção do ambiente. Angola LNG está em implementação desde 2006 e já ultrapassou a fase de limpeza e estudo de investigação de solos para a fase de construção da fábrica e das instalações de apoio (desde 2008), devendo estar pronto para iniciar funções em 2012.



Exportação na calha

As mais-valias de uma energia limpa e sustentável estão a conquistar adeptos além fronteiras. O produto será comercializado para os Estados Unidos da América e para outros mercados localizados no Atlântico. A Holanda é um dos clientes interessados em comprar gás natural proveniente do projecto LNG. A ministra da Economia, Maria van der Hoeven, manifestou no início de 2009 que o país estava interessado em adquirir parte da produção angolana, existindo actualmente diversos contactos entre empresários que trabalham na área de energia. No total, 19 empresas holandesas (três com representação em Angola) querem fazer parte do programa. “Discutimos a possibilidade de empresários holandeses participarem na segunda fase de exploração de gás no Projecto Angola LNG”, anunciou na ocasião, após um encontro com Botelho de Vasconcelos. O desejo da parceria inclui ainda a criação de uma “rotunda de gás”, para que a Holanda possa distribuir o produto angolano para o Noroeste da Europa.

“Este é um projecto extremamente importante e estruturante” para a economia nacional, defende o ministro dos Petróleos, que acredita que vai colocar o país na vanguarda dos parceiros ao desenvolver acções reais que reduzem os gases de estufa.


Responsabilidade social

O apoio ao desenvolvimento humano do país, em todas as suas vertentes, é uma das preocupações da Angola LNG. Apesar de ainda estar na primeira fase de implementação, a empresa de exploração de gás natural tem um papel activo em acções de solidariedade. Recentemente, foi um dos agentes activos no auxílio aos angolanos regressados da República Democrática do Congo, após o conflito que ocorreu no início do ano. Um lote com produtos alimentares e higiénicos foi distribuído por 30 famílias, um gesto de responsabilidade social elogiado pelo governo provincial do Zaire, que conta com um novo parceiro. O representante do Angola LNG, Steve Macine, afirmou durante um fórum dedicado ao tema, que a instituição tem contribuído para a melhoria da qualidade de vida no município do Soyo, tendo em conta que a fábrica de produção está a contribuir para o aparecimento de serviços indirectos que apoiam os habitantes. “Nós participamos na melhoria das infra-estruturas como escolas, restauro e apetrechamento do hospital do município do Soyo e das suas respectivas comunas e a reabilitação das ruas”, esclareceu, lembrando que “de modo a evitar ou atenuar os constrangimentos do trabalho que desenvolvemos mantemos uma ligação estreita com o governo local, outras entidades e a comunidade, numa troca de informações permanentes”.



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