A alta definição está a chegar a Angola e, à semelhança do que acontece no resto do mundo, a substituição do sinal analógico pelo digital promete revolucionar o modo como se vê televisão. A União Europeia determinou que todos os países adoptem a nova funcionalidade tecnológica nos próximos dois anos. A SADC alargou o prazo até 2013. A Angola’in explica como funciona a TDT (Televisão Digital Terrestre) e em que vai mudar a sua experiência com o pequeno ecrã.
Em três anos, as famílias terão de se adaptar à tecnologia do século XXI. Durante este período, os governos dos países africanos e europeus vão assegurar a cobertura dos respectivos territórios substituindo os sinais analógicos pelos digitais. Na América, a funcionalidade encontra-se vigente desde o último ano. Os utilizadores da televisão ‘tradicional’, à excepção dos subscritores de ligações por cabo ou satélite, terão que adaptar os seus aparelhos para receber a nova tecnologia, através de um descodificador que permitirá aceder a um novo mundo de funcionalidades. O apagão da era analógica está agendado para 2013. Daí em diante será possível ver conteúdos em Alta Definição (HD) e gravar (ou programar) os seus conteúdos preferidos.
Meta africana
A última reunião de ministros de Telecomunicações, Correios e Tecnologias de Informação e Comunicação da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) ditou a assunção do compromisso de implementar as metas traçadas pelos Estados integrantes da entidade. Além da discussão em torno do serviço de roamming (está em estudo a criação de um modelo que permita a todos os cidadãos da SADC usar o telemóvel em qualquer país com o cartão SIM de origem), ficou estabelecido que todos os membros da organização regional vão implementar a Televisão Digital Terrestre até 2013. Na ocasião, o ministro angolano José da Rocha referiu que a transição da teledifusão do sistema analógico para digital será um desafio de mudança para as regiões da SADC, pois vai impulsionar e tornar possível uma maior interactividade entre os produtores de conteúdos e os telespectadores. Por outro lado, a alteração vai contribuir para a convergência de redes e de serviços, introduzindo uma nova forma de pensar televisão. No entanto, alertou que a mudança de estações de teledifusão vai implicar um reequipamento de meios com estruturas adequadas ao sistema digital, pelo que ficou definido na reunião que a SADC terá de encontrar um sistema de TV Digital comum para todos os países.
Angola adere
Em Maio, o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, Pedro Mendes de Carvalho, frisou que Angola vai implementar a TDT tendo em conta os seus benefícios para o país e os compromissos regionais (SADC) e internacionais (UIT). O responsável adiantou que os aparelhos analógicos, actualmente usados, só poderão funcionar com um conversor, que será comercializado na “devida altura”. Para uma adaptação gradual à TV Digital, o ministro anunciou que os dois sistemas vão coexistir durante algum tempo, para que os utilizadores possam adquirir os novos equipamentos.
A TDT promete catapultar o sector. Essa é a garantia de Pedro Mendes de Carvalho que entretanto explicou que será oferecida uma imagem e som de qualidade superior aos dos aparelhos actuais e que vai permitir a interacção com determinados programas (especialmente os de teor educativo), bem como a possibilidade de gravar o que está a ser emitido, através do descodificador PVR (vídeo gravador pessoal). Durante o III Congresso de Marcas de Angola, o ministro advertiu que a transição obriga o país a prestar especial atenção à capacidade do desenvolvimento humano, em que os intervenientes deverão criar conteúdos nacionais capazes de se converterem em marcas concorrenciais que promovam a projecção dos produtos locais. “A televisão é encarada como um poderoso meio de promoção e fortalecimento da unidade nacional, sendo necessário que cada vez mais se disponibilize os recursos de comunicação nas mais variadas dimensões geográficas do país, permitindo a disponibilidade de serviços públicos através da TV como a educação, saúde, comércio, entre outros”, assegurou. Na ocasião, o director de operações da empresa MS Telecom, Mário Oliveira, corroborou as afirmações do ministro, sugerindo que a evolução da sociedade justifica a adopção desta tecnologia de transmissão, que tem como principal vantagem a difusão de conteúdos em alta definição. Porém, adverte que o sistema implicará um forte investimento e a modernização do parque tecnológico do serviço público de televisão. O maior desafio para a sua implementação está em tornar as vantagens deste serviço acessíveis à maioria da população.
Os custos da nova tecnologia serão subvencionados pelo Estado, que espera com esta acção garantir a todos os cidadãos nacionais o direito à informação, independentemente do seu estrato social. Esta é uma boa notícia, sobretudo para as famílias carenciadas, que estão isentas das despesas relacionadas com a compra dos conversores para ter acesso aos serviços de televisão. A medida abrange todos os habitantes do território nacional.
Inovação global
Na América, os EUA entraram na era digital ainda em 2009 (18 de Fevereiro). No caso americano, a população recebeu em casa cupões de 40 dólares para a compra dos receptores do sinal digital. Tendo em conta que no período das emissões por via hertziana, mais de 22 milhões de lares detinham este sistema, o Governo optou por emitir vales para os espectadores que desejavam reservar um conversor (do sinal digital para analógico) para garantir a compatibilidade dos seus televisores. O equipamento custa entre 50 e 70 dólares, tendo obrigado as famílias a adquirir dois cupões por cada televisor.
A União Europeia estabeleceu o ano de 2012 como prazo limite para todos os Estados membros fazerem a transição definitiva dos sinais. Um pouco por toda a Europa ultimam-se os pormenores para se proceder ao corte definitivo da televisão tradicional. Em Portugal, o apagão está programado para Abril de 2012. O país encontra-se a garantir a cobertura do território com o sinal digital e a preparar as primeiras emissões experimentais. A ruptura será faseada, começando pelo litoral e terminando no interior. Em Espanha, a TDT é já uma realidade. No início deste ano, às 13.26h (horas locais), o país entrou na ‘época’ da televisão digital, primeiro em Madrid, Barcelona e Sevilha e um dia depois em todo o país. A transição decorreu sem problemas e abrangeu mais de 44 milhões de espanhóis.
A Comissão Europeia determinou que a TDT fosse introduzida em todos os países da União Europeia. Certo é que a transmissão analógica tem os dias contados (a nível mundial) e o “switch-off” vai marcar a entrada numa nova forma de fazer comunicação.
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