Presidente angolano pede ao mundo que passe das palavras aos actos
O Presidente angolano defendeu hoje em L´Aquila, Itália, no decurso da 35ª Cimeira do G8, que o mundo deve definir mecanismos de regulação de mercado financeiro internacional, sem pôr em causa as regras essenciais do mercado.
José Eduardo dos Santos, citado pela agência angolana de notícias, Angop, disse ainda que este é o momento, no que toca à definição dos mecanismos de regulação do mercado financeiro, de "passar das palavras aos actos".
O chefe de Estado angolano apontou ainda como essencial para o continente africano que tome também parte activa neste processo que conduzirá a uma "nova ordem e maior democratização do Fundo Monetário Internacional (FMI)", onde José Eduardo dos Santos defende que África veja o seu poder ampliado.
Os bancos centrais dos países do G-8 foram ainda chamados pelo Presidente angolano a colaborarem no sentido de que as operações financeiras permitam "reforçar as reservas internacionais dos Estados africanos, tais como linhas de financiamento em moedas livremente disponíveis, no interesse de se estabelecer o equilíbrio da balança de pagamentos e de se gerir uma política mais eficaz, com vista a manter-se a trajectória do crescimento económico".
"Esse apelo é especialmente dirigido à Reserva Federal dos Estados Unidos da América e ao Banco Central (europeu), assim como aos bancos centrais dos países mais ricos, como a Alemanha, a França e a Grã Bretanha, tendo em conta o papel que eles exercem nas instituições financeiras internacionais, principalmente o FMI", disse Eduardo dos Santos.
O Chefe de Estado angolano defendeu ainda "uma maior cooperação e empenho" dos Eximbanks (bancos de importação e exportação) e dos bancos de desenvolvimento ou de fomento dos países do G8 para a "abertura de linhas de financiamento de importações, que poderiam ser utilizadas por investidores do G8 em aplicações directas nos menos desenvolvidos".
José Eduardo dos Santos disse igualmente ser importante solicitar renegociações da dívida externa com o Clube de Paris, que "constitui um pesado ónus para o menos desenvolvidos" e que seja "garantido o princípio da concessão de uma moratória longa no pagamento do capital e juros dessa dívida".
"No caso do meu país (Angola), por exemplo, este encargo financeiro faz com que a conta de capitais da balança de pagamentos fique num défice estimado em um bilião e quatrocentos milhões de dólares, o que contribui para que o seu défice final chegue a quase seis mil milhões de dólares", notou.
Dos Santos sublinhou ainda o impacto negativo que a crise económica e financeira mundial teve nos países africanos afectando o crescimento das suas economias.
Esse impacto negativo aconteceu graças, "fundamentalmente, à redução dos valores activos, sobretudo financeiros, detidos no estrangeiro, à redução das receitas minerais, como resultado da redução dos respectivos preços de exportação, ao ressentimento do sector mineiro no seu nível de actividade, investimento, rentabilidade e emprego", apontou o Presidente angolano.
José Eduardo dos Santos discursou hoje em L´Aquila perante os líderes do G8 e dos convidados, entre os quais vários Presidentes africanos, no último dia da 35ª Cimeira do grupo dos oito países mais desenvolvidos do mundo.
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